O bispo da Diocese de Nova Iguaçu, Dom Gilson Andrade, estreou no último sábado sua coluna semanal no Nova Iguassu Online, falando sobre família. Confira a íntegra abaixo:
A família como vai?
Era o ano de 1994 quando uma das Campanhas da Fraternidade que a Igreja católica costuma celebrar a cada quaresma tratou do tema da família. A pergunta que encabeça este artigo teve a força de ajudar muita gente, naquela ocasião, a repensar a qualidade de suas relações dentro do aconchego do lar e do papel decisivo da família na sociedade. De lá para cá muita coisa aconteceu, estamos passando por aquilo que a Conferência de Aparecida (2007) chamou de mudança de época. Hoje, inclusive, alguns arriscam falar até mesmo de mudança de era. Vivemos um tempo de profundas transformações onde, especialmente as instituições de maior relevância para a vida da sociedade humana, experimentam uma profunda crise. Portanto, convém de novo colocar a mesma pergunta num contexto novo. Não simplesmente perguntar a família como vai, mas concretamente sobre a família de cada um.
Família tem a ver com a sede de amor que existe em todo ser humano. Por isso, por mais que se pretenda reinventar esta realidade que a Sagrada Escritura coloca no ponto de partida da história da humanidade, não se pode negar a sede e a necessidade que todo mundo tem de amor e de amar. Se há algo próprio da identidade humana é a relação que se fundamenta no amor e que tem a sua base numa vida familiar. Falar de família é falar da pertença que nos constitui, por isso não é irrisória a reflexão sobre como vai a família.
Tendo as relações como algo constitutivo da ser humano, cabe também refletir sobre os diversos papeis que se jogam dentro da família. Lembro-me bem que o Sínodo da Juventude de 2018, em Roma, que pude participar, pedia que os papeis de pai e de mãe fossem melhor valorizados e aprofundados. A antropologia cristã reconhece a complementaridade homem e mulher como decisivo para o desenvolvimento da pessoa.
Na Exortação Apostólica A alegria do amor, do Papa Francisco, se recorda que “a mãe, que ampara o filho com a sua ternura e compaixão, ajuda a despertar nele a confiança, a experimentar que o mundo é um lugar bom que o acolhe, e isto permite desenvolver uma autoestima que favorece a capacidade de intimidade e a empatia” (n. 175). Sobre o pai, diz-se na mesma Exortação que na nossa cultura a sua figura “estaria simbolicamente ausente, distorcida, desvanecida” (n. 176). Porém, recorda-se que “Deus coloca o pai na família, para que, com as características preciosas da sua masculinidade […] esteja próximo dos filhos no seu crescimento” (n. 177).
Celebrando o dia dos pais e vivenciando a Semana da Família, de 11 a 17 de agosto, queremos contribuir como cristãos, a partir da nossa oração, reflexão e partilha no projeto de felicidade que Deus tem para nós e que passa pela família. A missão da família é atual e determinante na construção de um mundo novo com o qual todos sonhamos.
D. Gilson Andrade da Silva, nasceu no Rio de Janeiro a 11 de setembro de 1966, criou-se em Mendes, no Sul Fluminense. Foi ordenado padre na Diocese de Petrópolis a 4 de agosto de 1991. Tem mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma). Nomeado bispo em 2011, foi bispo auxiliar de Salvador até 2018, quando foi transferido para Nova Iguaçu onde hoje é o bispo diocesano.