“Quando disse que não seria mais padre, vocês me apoiaram. Eu sentia vergonha de mim e vocês tinham orgulho. Vocês são meu grande tesouro”. Foi com estas palavras, que Padre Guilherme Silva dos Santos, 29 anos, agradeceu o apoio da família, dos amigos e das muitas pessoas que conheceu e conviveu por mais de um ano, período que ficou afastado do ministério sacerdotal. O seu retorno ao sacerdócio foi comunicado pelo Bispo Diocesano, Dom Gregório Paixão (OSB), no final de maio, informando que, a partir do dia 3 de junho, Padre Guilherme retornava “às suas funções ministeriais”, frisando que é motivo de grande alegria para Diocese de Petrópolis.
Padre Alexandre Brandão, administrador paroquial de Nossa Senhora de Lourdes, Paróquia de origem do Padre Guilherme foi quem lhe deu as boas vindas sacerdotais em nome de toda Diocese e do Clero, frisando que na caminhada sacerdotal ele não está sozinho. “Temos hoje uma grande graça. Na história da Igreja poucas vezes isto aconteceu um sacerdote voltar ao seu ministério. Isto é motivo de alegria para Diocese e para Igreja”, afirmou Padre Brandão, no inicio da missa, na Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes em Araras.
Em sua homilia, Padre Brandão falou para Padre Guilherme, lembrou que a missa em seu retorno ao ministério sacerdotal é a realização de uma graça que Deus colocou em seu coração desde o ano passado. “Deus realizou uma graça em suas mãos. Você tem as mãos ungidas. Ungidas para celebrar o santo sacrifício, para abençoar. Para, encontrando os pecadores dizer, em nome de Cristo eu te absolvo. Tu és sacerdote para sempre”, afirmou Padre Brandão.
Padre Guilherme, ao final da missa, testemunhou que, durante o período que ficou afastado do ministério sacerdotal, tomou várias decisões, sendo que a principal era se afastar de tudo. “Tentei ir embora do Rio de Janeiro. Deus não deixou. Eu nunca tirei uma nota vermelha na minha vida e todas as provas de concurso que fiz, fui reprovado, inclusive nas matérias que sabia. Alguém não queria que eu fosse embora”, contou Padre Guilherme que vê nestes acontecimentos a mão de Deus.
Em seu testemunho, ele agradeceu aos amigos que nunca se afastaram dele e foram importantes para que não se sentisse abandonado e o ajudaram a se encontrar como pessoa, sendo apenas o Guilherme. Ele destacou que “o período em que trabalhei na Câmara Municipal foi muito importante, pois ali era apenas o Guilherme”. O período em que passou pelo Colégio Anglicano de Araras para ele foi importante, pois aprendeu muito com os professores e alunos, afirmando que “vocês perderam um professor, mais ganharam um amigo e um amigo padre”.
Para o Padre Guilherme a comunidade de Araras foi fundamental na sua caminhada, pois inicialmente não sabia como seria recebido, pois esperaram por 11 anos para ter um padre e o primeiro padre que deixou o ministério. “Foi um peso muito grande sustentar este título. Mas, obrigado, pois vocês mostraram que não amavam apenas o padre, mas amavam o Guilherme e isto era o que eu precisava descobrir. Obrigado, porque hoje eu sei que vocês amam o padre, mas amam o Guilherme, é um amor em dobro”.
Ao concluir suas palavras, Padre Guilherme disse que “eu sou o filho de Deus que ele olhou com carinho e amor. Me educou da forma que ele sabia que seria o melhor para mim. Assim como Nossa Senhora, Mãe de Deus me amparou e mostrou o caminho que culminou com esta missa. Essa foi à pedagogia de Deus”.
A comunidade católica de Araras presente na missa, primeira celebração presidida pelo Padre Guilherme ao reassumir as funções ministeriais sacerdotal, o acolheu com grande alegria. Além dos familiares, assim como sua mãe e avó, estavam presentes todas as lideranças da comunidade e amigos de várias paróquias, algumas onde Padre Guilherme trabalhou e fez pastoral.
Um dos momentos de grande beleza foi com a entrada do Apostolado da Oração, beijou sua mão, acolhendo-o em nome de toda comunidade. Padre Alexandre Brandão contou que o Apostolado foi criado ano passado e entre os seus muitos objetivos era rezar pelo Padre Guilherme. “Hoje, este Apostolado vê o resultado de suas orações”, concluiu Padre Brandão.
Fonte: Diocese de Petrópolis