Ao refletirmos sobre o projeto de Deus para o homem, percebemos que a família é algo inerente aos Seus planos. Afinal, o objetivo cristão é ser família no céu. No entanto, para um dia cumprirmos o desejo de Deus somos chamados a viver de forma a prefigurar o que experimentaremos na eternidade. A experiência de viver em família aqui na terra não é para o homem a certeza da felicidade, mas um caminho para que um dia a conquiste.
As dificuldades de se submeter ao outro no dia-a-dia traz ao nosso coração marcas que machucam, mas que ao mesmo tempo solidificam a certeza de que algo precisa melhorar. O difícil é aceitar que diversas vezes – se não todas – a melhora deve partir de mim. E então, nos pegamos a murmurar pelos cantos: “Meu filho poderia ser melhor! O que custa ele colaborar um pouco?”; “Minha mãe só sabe pegar no meu pé!”; “Meu pai não ta nem ai pra mim!”.
Ser bom para a minha primeira comunidade já é um passo para que o convívio melhore. Mas o nosso objetivo como cristão não é simplesmente ter um bom convívio. Até porque se olharmos ao nosso redor, perceberemos a presença de diversas pessoas que são inegavelmente boas. Entretanto, para um cristão não basta ser bom, é preciso ser santo. A única forma de semearmos a santidade é mantendo os olhos fixos na cruz de Cristo e abraçando a nossa. E se na cruz de Jesus tinha o nosso nome estampado para a remissão dos nossos pecados, na nossa com certeza estará em primeiro lugar o nome daqueles que moram conosco.
No Evangelho de São Marcos, Jesus nos prepara para as dificuldades da santidade em família quando diz que “um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa”. Essa negação é fruto da intimidade que foi construída com os anos. Quando usado de forma errada, esse conhecimento profundo do outro gera desconfiança e julgamentos, pois somente a família é capaz de conhecer de forma profunda as mazelas do nosso coração. Mas em resposta a essas dificuldades o próprio Jesus nos mostra, não através de palavras escritas, mas com a sua vida o meio de se vencer dentro de casa: a perseverança. Jesus tem uma vida pública de três em que se dedica ao anúncio do Reino dos Céus e a salvação da humanidade, entretanto, antes disso, Ele escolhe passar trinta anos trabalhando na salvação de sua própria família. Só ao compararmos o tempo gasto em cada um já percebemos que o anúncio feito dentro de casa necessitou de mais paciência.
Ser um bom filho ou ser bons pais cabe a qualquer um que se disponha a ter uma família, independente da religião. Para nós cristãos é preciso ser santo. Para isso, será preciso passar por muitas barreiras tanto em nosso temperamento (orgulho, vaidade, impaciência etc) quanto no coletivo (como o desemprego, a falta de saúde, a morte etc). Todavia, é preciso que nos mantenhamos com os olhos fixos na cruz e buscando ser cada vez mais santos para que nossa família nos olhe da mesma forma que olhavam Jesus e sejam assim cada vez mais santos. “Quando eles o viram, ficaram admirados.” Lc 2, 48
Através do Projeto Casais Restaurados, as famílias encontram um meio para perseverar nos planos de Deus. No próximo fim de semana teremos a oportunidade de vivenciar o 3º acampamento de famílias e esperamos nos fortalecer na caminhada rumo ao céu e ao mesmo tempo servimos de instrumento para edificar outras famílias.
Vicente, Fernanda e Vicente Jr