10 orientações do Papa Francisco para o amor no cotidiano do matrimônio, em Amoris Laetitia
O Papa Francisco, na sua Exortação a “Alegria do Amor”, diz que “não poderemos encorajar um caminho de fidelidade e doação recíproca se não estimularmos o crescimento, a consolidação e o aprofundamento do amor conjugal e familiar”.
Confira 10 orientações do Papa para viver o amor no cotidiano matrimonial.
1 – Paciência
É importante ter clareza de que “a paciência é uma qualidade do Deus da Aliança, que convida a imitá-Lo também na vida familiar”, tarefa não fácil, mas possível no amor, pois, no matrimônio e na família, a pessoa “mostra-se paciente, quando não se deixa levar pelos impulsos interiores e evita agredir”, ou seja, procura viver com paciência os incômodos e infortúnios do dia a dia. Dessa forma, compreende-se mais sobre o verdadeiro amor ao descobrir, como aponta o Papa, que, “se não cultivarmos a paciência, sempre acharemos desculpas para responder com ira, acabando por nos tornarmos pessoas que não sabem conviver, antissociais incapazes de dominar os impulsos; e a família tornar-se-á um campo de batalha.”
2 – Atitude de serviço
O Papa, diante das palavras de São Paulo sobre a paciência, que é “acompanhada por uma atividade, uma reação dinâmica e criativa perante os outros”, assinala para uma atitude de serviço. Essa prontidão para servir “indica que o amor beneficia e promove os outros”, ocasionando urgência no seio familiar e matrimonial de pessoas boas que vivam a bondade nas ações cotidianas na doação ao próximo, pois a atitude de serviço nos lança em direção ao outro no amor concreto, eficiente e sem reservas, “permitindo-nos experimentar a felicidade de dar, a nobreza e a grandeza de doar-se de forma superabundante, sem calcular nem reclamar pagamento, mas apenas pelo prazer de dar e servir”.
3 – Curando a inveja
Compreender que “a inveja é uma tristeza pelo bem alheio, demostrando que não nos interessa a felicidade dos outros, porque estamos concentrados exclusivamente no nosso bem-estar” é imprescindível para vencer tal fraqueza, pois, “no amor, não há lugar para sentir desgosto pelo bem do outro (cf. At 7,9; 17,5)”, mas sim alegria por tais realizações e conquistas. Assim, como ensina o Pontífice, “o verdadeiro amor aprecia os sucessos alheios, não os sente como uma ameaça, libertando-se do sabor amargo da inveja”.
4 – Sem ser arrogante nem se orgulhar
O orgulho e a arrogância “não se trata apenas duma obsessão por mostrar as próprias qualidades; é pior: perde-se o sentido da realidade, a pessoa considera-se maior do que é, porque se crê mais espiritual ou sábia”. No matrimônio e “na vida familiar, não pode reinar a lógica do domínio de uns sobre os outros, nem a competição para ver quem é mais inteligente ou poderoso, porque essa lógica acaba com o amor”. Por isso, muitas vezes, é necessário ser humilde, atitude que “faz parte do amor, porque, para poder compreender, desculpar ou servir os outros de coração, é indispensável curar o orgulho e cultivar a humildade”.
5 – Amabilidade
Ser amável “significa que o amor não age rudemente, não atua de forma inconveniente, não se mostra duro no trato. Os seus modos, as suas palavras, os seus gestos são agradáveis; não são ásperos nem rígidos”. A predisposição para um encontro verdadeiro com o outro requer amabilidade, porém, “isso não é possível quando reina um pessimismo que põe em evidência os defeitos e erros alheios, talvez para compensar os próprios complexos. Um olhar amável faz com que nos detenhamos menos nos limites do outro, podendo assim tolerá-lo e unirmo-nos num projeto comum, apesar de sermos diferentes”. Já que “ser amável não é um estilo que o cristão possa escolher ou rejeitar: faz parte das exigências irrenunciáveis do amor, por isso todo o ser humano está obrigado a ser afável com aqueles que o rodeiam”.
6 – Desprendimento
O desapego ou desprendimento conduz para um compreensão de que “muitas vezes, para amar os outros, é preciso primeiro amar a si mesmo. Todavia, esse hino à caridade afirma que o amor não procura o seu próprio interesse ou não procura o que é seu”. O Papa diz que “uma pessoa que seja incapaz de se amar a si mesma sente dificuldade em amar os outros”, já que, nas Escrituras, a orientação é que “não tenha cada um em vista os próprios interesses, mas todos e cada um exatamente os interesses dos outros (cf. Fl 2,4).” Essa postura em relação ao próximo demonstra um amor que pode transbordar gratuitamente “sem nada esperar em troca” (Lc 6, 35), até chegar ao amor maior, que é “dar a vida” pelos outros.
7 – Sem violência interior
Para superar um interior violento é preciso “à paciência, que evita reagir bruscamente perante as fraquezas ou erros dos outros”, pois a “reação interior de indignação provocada por algo exterior”, seja nas várias situações da vida, “trata-se de uma violência interna, uma irritação recôndita que nos põe à defesa perante os outros, como se fossem inimigos molestos a evitar”. Diante dessa ira excessiva, a solução mostrada pelo Papa é que “nunca se deve terminar o dia sem fazer as pazes na família.” Desta forma, entende-se que “a indignação é saudável, quando nos leva a reagir perante uma grave injustiça; mas é prejudicial, quando tende a impregnar todas as nossas atitudes para com os outros”.
8 – Perdão
“Se permitirmos a entrada dum mau sentimento no nosso íntimo, damos lugar ao ressentimento que se aninha no coração.” Contrário a esse ressentir, o Papa Francisco instrui que o perdão é “fundado numa atitude positiva que procura compreender a fraqueza alheia e encontrar desculpas para a outra pessoa, como Jesus que diz: Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem (cf. Lc 23, 34)”. Porém, a tendência humana “costuma ser a de buscar cada vez mais culpas, imaginar cada vez mais maldades, supor todo o tipo de más intenções; assim, o ressentimento vai crescendo e cria raízes”; e no matrimônio, “qualquer erro ou queda do cônjuge pode danificar o vínculo de amor e a estabilidade familiar”. Então, “se aceitamos que o amor de Deus é incondicional, que o carinho do Pai não se deve comprar nem pagar, então poderemos amar sem limites, perdoar aos outros, ainda que tenham sido injustos para conosco.”
9 – Alegrar-se com os outros
O Papa diz que “alegra-se com o bem do outro, quando se reconhece a sua dignidade, quando se apreciam as suas capacidades e as suas boas obras”. Mas “isso é impossível para quem sente a necessidade de estar sempre a comparar-se ou a competir, inclusive com o próprio cônjuge, até o ponto de se alegrar secretamente com os seus fracassos”. O matrimônio e “a família deve ser sempre o lugar onde uma pessoa que consegue algo de bom na vida, sabe que ali se vão congratular com ela”. Assim, diz o Pontífice que “nosso Senhor aprecia de modo especial quem se alegra com a felicidade do outro”.
10 – Tudo desculpa
Tudo desculpar “implica limitar o juízo, conter a inclinação para se emitir uma condenação dura e implacável: não condeneis e não sereis condenados (cf. Lc 6, 37)”. Assim, no amor cotidiano matrimonial, “os esposos, que se amam e se pertencem, falam bem um do outro, procuram mostrar mais o lado bom do cônjuge do que as suas fraquezas e erros. Em todo caso, guardam silêncio para não danificar a sua imagem. Mas não é apenas um gesto externo, brota duma atitude interior. Também não é a ingenuidade de quem pretende não ver as dificuldades e os pontos fracos do outro, mas a perspectiva ampla de quem coloca essas fraquezas e erros no seu contexto; lembra-se de que esses defeitos constituem apenas uma parte, não são a totalidade do ser do outro: um fato desagradável no relacionamento não é a totalidade desse relacionamento”. Por fim, o Papa fala que “o amor convive com a imperfeição, desculpa-a e sabe guardar silêncio perante os limites do ser amado”.
Fonte: Canção Nova