Histórico, artístico, religioso e técnico. Estas quatro palavras definem bem o livro “A Catedral de Petrópolis – Santuário da Memória da Cidade Imperial”, de autoria de Dom Gregório Paixão, OSB, bispo da Diocese de Petrópolis. O livro será lançado no dia 27 de abril, no salão nobre da Universidade Católica de Petrópolis (UCP) e foi patrocinado pela Fundação Cesgranrio.
O livro é um passear pela história da Catedral e neste passeio encontramos figuras importantes para Petrópolis e para o Brasil, cujas histórias pessoais se confundem com a história da Cidade Imperial. Os dois personagens fundamentais desta história são: o Imperador Dom Pedro II e a Princesa Isabel que não mediram os esforços para as obras fosse concluída.
Mas, como relata Dom Gregório Paixão há outros personagens importantes, como Monsenhor Teodoro Rocha. Ele, no dia 22 de fevereiro de 1925 fez um apelo, suplicando aos católicos petropolitanos que contribuíssem para que, as obras da futura Matriz (Catedral), fosse concluída. Após seu apelo, caindo do púlpito morreu e em novembro deste mesmo ano, a nova Matriz foi inaugurada.
A decisão de escrever o livro, segundo Dom Gregório Paixão foi por um “profundo amor a obra da Catedral e pelo seu valor artístico e histórico”. O bispo lembra ainda que, foi na Catedral, onde ocorreu o primeiro ato de acolhimento quando chegou a Diocese. “O que mais escutei das pessoas quando fui eleito bispo da Diocese é que a Catedral de Petrópolis é uma joia, é a coisa mais linda que conheço. E vi que é um monumento excepcional. Tem um grande valor artístico e histórico. Desde o primeiro momento fiquei apaixonado pela Catedral de Petrópolis”.
Este amor pela Catedral surgiu, pois foi neste templo que Dom Gregório foi acolhido pela Diocese e pela população de Petrópolis. Foi ele, como afirma, celebrou a primeira missa e teve a oportunidade de falar pela primeira vez ao povo. “Outra motivação para escrever este livro foi ter descoberto que muitos historiadores escreveram pequenas coisas sobre a Catedral e que foram fundamentais para o meu texto. Mas nunca fizeram um estudo completo, pois não tinham acesso ao material que tive acesso, como os livros da própria Catedral”.
Todo o texto do livro, segundo Dom Gregório teve como referência os textos dos historiadores petropolitanos e outros, matérias publicadas no jornal Tribuna de Petrópolis e a pesquisa dos documentos. “Toda esta pesquisa fez surgir este trabalho e documentos que eram desconhecidos das pessoas como o livro de ouro que a Princesa Isabel abriu, assinada por ela, pelo Imperador e por todos os grandes do Império para construção da Catedral”.
Documentos e fatos importantes
O livro, preservado, faz parte do acervo histórico da Catedral e tem como título “Livro de Subscrição para a construção da Igreja Matriz de Petrópolis sobre a Alta Proteção de S.S. Majestades e Altezas”. O livro datado de 18 de maio de 1884, mostra nas suas primeiras páginas os primeiros doadores; Dom Pedro II (10 contos), Thereza (5 contos), Princesa Isabel (2 contos), Barão do Catete (10 contos) e outros.
Entre os muitos doadores encontra-se a Baronesa de São Joaquim que doou todas as suas joias e porcelanas para construção da Catedral. Mas, segundo Dom Gregório Paixão a Princesa Isabel é uma das pessoas mais comprometidas com a obra, “pois, mesmo no exílio na França, determinou a venda de terrenos e 410 apólices do Banco do Brasil para que o dinheiro fosse usado na construção da Catedral”.
Entre muitos fatos importantes. O Bispo de Petrópolis lembra que o Imperador Dom Pedro II colocou na segunda pedra fundamental da Catedral, em 18 de maio de 1884, uma cópia da Lei do Ventre Livre, jornais da época e sua coleção pessoal de moedas cunhadas no Império em ouro, prata e bronze. “Isto é de um valor histórico e ao mesmo monetário grande e está enterrado na Catedral”.
O autor do livro destaca ainda em sua pesquisa a descoberta de que as imagens da Catedral, como São Pedro de Alcântara, Sagrado Coração de Jesus e da Sagrada Família (esta emprestada a Paróquia do Alto da Serra), foram feitas por Jean Magrou, um grande escultor francês da época. Na pesquisa, o Bispo encontrou documentos comprovando que o construtor do órgão da Catedral, Guilherme Berner, também foi o autor das molduras dos quadros da Via Sacra.
Outro dato importante é que, segundo documentos da época, caso o banimento da Família Imperial terminasse, os corpos do Imperador e sua esposa serão lavados para o Rio. No entanto, a Princesa Isabel decidiu toma a decisão de que Dom Pedro II seria sepultado em Petrópolis e por isso a Capela de Santa Teresa é transformada na cripta da Família Imperial. Os restos mortais foram definitivamente colocados na Capela no dia 5 de dezembro de 1939, com a presença do presidente da República, Getúlio Vargas.
Padres fundamentais na construção da Catedral
Entre a todos os personagens dedicados à construção da nova igreja matriz, a Catedral, Dom Gregório Paixão ressalta a participação de vários sacerdotes e por isso, assim como cita os bispos da Diocese, cita a lista de todos os párocos. O primeiro a ser citado pelo bispo é o Monsenhor Teodoro Rocha, que comoveu a sociedade petropolitana e os católicos com seu apelo para que, cada pessoa fizesse uma doação para conclusão da obra. Infelizmente ele não viu a inauguração, pois minutos após o apelo, em fevereiro de 1925, caiu morto dentro da velha matriz.
Monsenhor Francisco Gentil também foi outro pároco comprometido com a obra de conclusão da Catedral e sendo fundamental em diversos momentos para que a Catedral fosse reconhecida como importante igreja para Petrópolis. Ao longo dos anos, desde a primeira pedra fundamental em 1876 até a conclusão da obra em 1970, com a construção da torre, todos os padres, bispos e a população foram fundamentais para cada fase, para que o sonho e desejo do Imperador Dom Pedro II e da Princesa Isabel fosse concretizado.
Para Dom Gregório Paixão estes fatos e outros que se encontram no livro, transformam este trabalho num documento técnico como fonte de pesquisa para todos que queiram conhecer a história da Catedral, sejam pesquisadores, historiadores, alunos ou qualquer cidadão. Por isso, Dom Gregório fez questão de publicar notas técnicas, referências da pesquisas e identificação e crédito de cada foto, com sua origem.